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Com o novo modelo de saque de FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço), chamado “saque-aniversário”, o trabalhador pode retirar, se quiser, uma parte do fundo de garantia uma vez por ano, com a condição de não poder sacar o saldo total da conta se for demitido sem justa causa. Vale a pena aderir?

Segundo especialistas ouvidos pelo UOL, a decisão vai depender do perfil do trabalhador e de sua situação econômica. Veja mais abaixo o que é preciso analisar antes de aderir ao novo modelo de saque do FGTS.

Como está a situação no emprego?

Quem adere ao saque-aniversário não pode sacar o total da conta se for demitido sem justa causa. A multa de 40% do FGTS não muda.

Para o professor de finanças da FGV-Eaesp Fabio Gallo Garcia, não dá para prever se você vai ser demitido ou não, mas essa é uma questão a ser levada em consideração.

Segundo ele, se não houver risco de desemprego imediato, e estiver precisando do dinheiro, pode valer a pena aderir ao saque. Se estiver em uma situação instável no emprego, não vale a pena.

Tenho reserva de emergência?

Para Ricardo Fernandes, professor de finanças da Universidade Presbiteriana Mackenzie de Campinas, como não dá para sacar o FGTS se for demitido, o trabalhador que aderir a esse modelo precisa de uma reserva de emergência.

Depois, ele precisa analisar se essa reserva e a multa de 40% do FGTS dariam para se manter até uma recolocação profissional.

“Se a pessoa já tiver uma reserva financeira para uma emergência e se guardou dinheiro para se manter alguns meses, o risco é menor porque ela não vai ficar desamparada, em caso de demissão. Se não tiver, é mais arriscado. É preciso lembrar que só vai poder sacar de novo por essa modalidade no ano seguinte.”

Para que você quer o dinheiro?

Para Caio Henrique Alberconi, planejador financeiro da Par Mais, a pessoa deve lembrar a função original do FGTS, que é de proteger o trabalhador.

“Se for para pegar o FGTS só para consumo, deixe o dinheiro lá porque você pode acabar gastando com o que não precisa. A função original do FGTS é dar uma proteção para o trabalhador. Não tem função de consumo.”

Se o trabalhador tem dívidas, Alberconi diz que a adesão vale a pena. “Se está endividado, resgatar esse dinheiro para sair do endividamento faz sentido. Se não tem pretensão em investir em algo com uma rentabilidade maior ou sair do endividamento, o ideal é deixar lá.”

Vai investir?

A rentabilidade do FGTS é de 3% ao ano, mais TR (Taxa Referencial), que está zerada. Além disso, trabalhadores podem ter direito a uma parte da distribuição de lucros do fundo.

O governo havia proposto distribuir 100% dos lucros do FGTS para os trabalhadores, mas recuou. A legislação vigente prevê que o Conselho Curador do FGTS é responsável por definir o percentual do resultado a ser distribuído.

Alberconi afirma que, se o trabalhador tem um perfil mais conservador, pode não valer a pena tirar o dinheiro. Um investimento conservador renderia pouco, já que a Selic (taxa básica de juros) está em 4,25%.

A poupança nova, por exemplo, rende 70% da Selic, o que equivale a 2,98% para o dinheiro que ficar lá por 12 meses.

Ele afirma que, se o trabalhador tem um perfil mais arrojado e conseguir investir em algo com rendimento maior, vale a pena.

Quanto poderei sacar?

O trabalhador também deve levar em conta quanto poderá sacar para saber se dá para fazer tudo o que planeja. Ele poderá sacar uma parcela de 5% a 50% do que tem na conta do FGTS, mais um valor fixo todo ano, dependendo de quanto tem de saldo total.

  • Para saldos de até R$ 500, o saque será de até 50% do valor
  • Para os saldos de R$ 500,01 a R$ 1.000, o saque será de 40% mais uma parcela fixa de R$ 50
  • Para os saldos de R$ 1.000,01 a R$ 5.000, o saque será de 30% mais uma parcela fixa de R$ 150
  • Para os saldos de R$ 5.000,01 a R$ 10 mil, o saque será de 20% mais uma parcela fixa de R$ 650
  • Para os saldos de R$ 10.000,01 a R$ 15 mil, o saque será de 15% mais uma parcela fixa de R$ 1.150
  • Para os saldos de R$ 15.000,01 a R$ 20 mil, o saque será de 10% mais uma parcela fixa de R$ 1.900
  • Para os saldos acima de R$ 20.000,01, o saque será de 5% mais uma parcela fixa de R$ 2.900

Veja um exemplo: um trabalhador com um total de R$ 1.450 em todas as contas de FGTS, poderá retirar 30% do total, mais uma parcela de R$ 150. Ou seja, ele poderá tirar R$ 585.

Pelo site da Caixa e pelo aplicativo do FGTS (disponível na App Store e Google Play) é possível simular o valor que receberia e aderir ao saque-aniversário. A consulta é liberada após o trabalhador fazer um cadastro e criar uma senha.

Os trabalhadores nascidos em janeiro tinham até o dia 31 para aderir ao saque-aniversário e receber os valores neste ano. Quem perdeu o prazo pode aderir ao modelo a qualquer momento, mas entrará no calendário de saques do ano que vem. Para receber ainda neste ano, é necessário optar pelo saque-aniversário até o último dia do mês em que você nasceu.

FONTE: economia.uol.com.br

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